quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A última vez que fui visitar minha terra, vulgo Rio, encontrei meus amigos, é meio difícil hoje em dia, mas ainda consigo, não tanto quanto gostaria, mas, enfim... Por que esse assunto? Encontrei jogada na minha gaveta uma carta. Do lado de fora estava escrito “só vale ler no avião”. Só li no avião, chorei no avião. Sinto saudade. E não tenho mais medo de dizer “eu te amo”, viu? Ela citou Cecília Meireles, responderei a altura.


É preciso não esquecer nada
Cecília Meireles

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Nenhum comentário:

Postar um comentário