quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O que você vê quando se olha no espelho? Pra essa resposta, infinitas possibilidades. Tenho certeza que a maioria olharia o presente e pensaria coisas do tipo “aah, preciso emagrecer” ou “cara, tô muito gostosa” – ok, são as coisas mais óbvias. Mas não espere nada derivado do termo “óbvio” por aqui.
O que eu enxergo é um futuro com você, e nele eu sou a mesma chata que reclama quando você come muito doce, quando você come muita gordura, ou simplesmente quando você come e quer comer de novo... quando você bebe muito, ou quando você fuma. Calma, vamos aos agravantes. Nesse espelho eu ainda enxergo Lucas e eu continuo sendo a mesma chata. A mãe que reclama , a mãe que briga porque ele não lavou a louça ou porque ele atrasou o dever de casa. Você também entra na história... você acabou de comprar alguma coisa bem velha e sabe Deus porquê. Mas realmente não importa. A gente esqueça a louça, o dever de casa e tudo mais que não caiba naquele momento. Pelo que eu pude enxergar, foi um momento meio aleatório, daqueles que são marcas registradas da nossa família, sabe?
Ah, é. Caso pareça estranho para alguns, deixo claro que no meu espelho é assim que nós aparecemos. Família. Agora acho que fui longe! As imagens mais próximas ainda aparecem com pouca nitidez, assim como as mais distantes. Mas me parece ter alguma coisa a ver com estudos, trabalho, viagens. Sabe aquelas coisas que os adultos falam sobre mestrado, doutorado e universidades? Deve ser algo nesse sentido. Espera! Vejo uma certa distância entre o meu reflexo e o seu... mas quando levanto um pouco o olhar, percebo que os reflexos se reaproximam - seja lá o que isso queira dizer.
Eu ainda vejo aquele lance de decepções e erros. Mas aqui, os reflexos deles estão fortalecendo nosso relacionamento. Posso voltar pra Lucas? Essas coisas de ‘minhas mães’ acaba mexendo com uns e outros. Os espelhos parecem que começam a buscar algo além daquela imagem física e... eles parecem querer fugir do presente, mas não conseguem entender que fugir do óbvio não é assim tão fácil. Sabe... merecer pouco, precisar mais, aprender com os erros, cair, levantar, apanhar, bater, silenciar, gritar, chorar, silenciar novamente, errar mais um pouco e amar. Que sempre acabe com o amar. Sempre acaba com o amar.

-aoutra.