quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Foi um dia assim, comum, nada demais, sem muitas nuvens, com um sol agradavelmente acolhedor. Não me sentia triste, nem feliz. Estava eu, mas sem ser quem sempre fui. E me deu vontade, vontades sempre me dão, e vou. Vontades... Vontade... Quis pular da janela, sentir o vento bater contra o corpo, e, aquela sensação de liberdade. Tão almejada liberdade.
Fui até a janela e a abri. A brisa do amanhecer soprava levemente e senti um sorriso no canto da boca se formar. Pensei em tudo, lembrei de todos. Felicidade e uma dor. Puxei uma cadeira e subi na sacada. Sentei com as pernas penduradas no ar. Me perguntei o porquê de nunca ter posto grades pelo apartamento. Talvez, por aquele momento.
Era incômodo, o ferro da janela de correr, onde eu sentava. Desconfortável. Levantei-me, fui até o quarto e busquei um travesseiro. Me distraí e esbarrei no porta retrato com a foto dos meus amigos. Sou tão feliz. Tantos momentos e infinitos sorrisos. E, as lágrimas, esquecemos no caminho. Não apagamos da memória, mas não recordamos. Recordar é lembrar com o coração. Sentir.
Afofei o travesseiro como forma de torná-lo mais “sentável”. O vento refrescava meus pés e minha mão ficava cada vez mais fria ao tocar no metal da janela. Sentia a temperatura cair pelo corpo e subitamente uma corrente de adrenalina tomou minhas veias e voltei a mim. O quanto valem certas decisões? Do que valia pular e sentir a liberdade momentânea e nunca sair para tomar uma cerveja com os amigos. Os abraços, as risadas, as brigas. A parte pelo todo, ou, o todo pela parte?
Tais reflexões me deixaram chateada, a vida é simples, e, eu tenho medo de altura. Nada daquilo era necessário e, muito menos, interessante. Levantei-me e apoiei as mãos no topo da janela. Ar puro. Ou, o máximo de pureza que a cidade pode me dispor. Sorri. Soltei o topo da janela. Virei meu corpo, e, meu pé procurava a cadeira. Escorreguei no travesseiro... Senti a liberdade.

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